O Dr. Rônio Condão solicitou um espaço na Rádio Conti na noite dessa quarta-feira (dia 24), onde compareceu juntamente com a diretora da UPA, Antônia Lucilene, e o secretário de saúde do município, Elton Messias, para explicar que a situação da saúde na cidade e no estado está se encaminhando para um colapso iminente.
A coletiva começou com fala do Secretário da Saúde anunciando que o sistema de saúde da cidade está próximo de entrar em colapso, por diversos fatores, como dificuldade para repor o estoque de remédios, quantidade e exaustão dos profissionais envolvidos na linha de frente de combate ao Covid, e principalmente pelo alto consumo de oxigênio pelos pacientes internados atualmente.
A diretora da UPA esclareceu logo em seguida que o motivo desse alto consumo de insumos se deve ao número de pacientes atendidos pelo Centro de Atendimento para Enfrentamento ao Covid – o CAEC: 16 pacientes estão internados atualmente, sendo alguns deles em estado grave, esperando vagas na UTI para poderem ser transferidos. Dois pacientes estão entubados, e nos próximos dias o hospital pode ficar sem se o número de pacientes internados não diminuir.
Mato Grosso apresenta atualmente mais de 189 pessoas na fila por um leito de UTI no estado. Havia em Confresa 10 leitos de enfermaria, e com ampliação feita pela administração municipal, esse número dobrou. A situação está tão alarmante que atualmente somente 2 desses 20 leitos estão disponíveis no momento.
Antônia explica que o oxigênio é distribuído a partir de outros estados, transportados por caminhão, e toda a logística envolvida na entrega das cargas ao município leva dias para ser conclusa, e que como a demanda pelo uso dos respiradores aumentou exponencialmente nos últimos dias, os fornecedores não conseguem suprir todas as necessidades do sistema local de saúde pública. Ela relata também que a UPA tem utilizado em média 35 balas de oxigênio por dia.
O secretário de saúde aproveita para esclarecer que outro insumo que está com quantidade em escassez é o sedativo, que é utilizado no processo de intubação dos pacientes em estado mais greve, antes de serem colocados no respirador.
O problema não é dinheiro para comprar mais, disse Elton, e sim a falta de estoque nas próprias fornecedoras, que precisam atender todas as cidades da região, e também dos outros estados, sem mencionar ainda a rede particular de saúde.
Após fala do secretário, o prefeito Rônio Condão desabafa falando que a situação está caótica, que o hospital está superlotado, e que as empresas não conseguirão suprir a necessidade atual dos remédios e oxigênio – demanda essa que dobrou em relação há meses atrás – do município se a quantidade de casos não diminuir nos próximos dias.
Segundo Rônio, que apoiou a iniciativa do governador Mauro Mendes (DEM) em adotar a antecipação de feriados para instituir um “lockdown branco”, a medida super restritiva não seria um milagre que resolveria todos os problemas e curaria todos os doentes, mas que a intenção do distanciamento social absoluto e fechamento do comércio é diminuir o número de ocupantes do hospital, e desafogar a crise iminente que a saúde está caminhando em direção.
O prefeito avisa que os fiscais já estão fazendo fiscalização acerca do decreto municipal, e que a mesma será aumentada para tentar controlar mais efetivamente as situações de aglomerações e de falta do uso correto de máscara por parte da população, mas que nada adianta se as pessoas não fizerem a sua parte, se cuidando, evitando aglomerações e usando máscara e álcool em gel apropriadamente. Ele informa também que a Polícia Militar faz operações diárias que resultam em encerramento de festas clandestinas, e expressa descontentamento com o descaso dos cidadãos frente aos números de 300 mil mortos no nosso país, e lembra que dados científicos apontam que caso nenhuma medida eficaz seja adotada o mais rápido possível, estima-se que o país pode apresentar 4 mil mortos diariamente.
Frente a essa situação, Rônio esclarece que caso a população não o ajude a tomar cuidados básicos para conter o número cada vez mais crescente de infectados, um novo lockdown será estabelecido novamente no município.
O administrador termina sua fala informando que na última quinta-feira (25), um processo de licitação foi finalizado, e uma empresa já foi contemplada com o projeto de instalação de leitos de UTI em Confresa, mas que ter mais leitos não resolve também os problemas de dificuldade em conseguir mais insumos, como os sedativos e as balas de oxigênio, mencionados anteriormente nessa matéria.
Quando questionada se já foi identificado algum caso de paciente com a nova variante do Coronavírus, a diretora da UPA disse que é difícil confirmar laboratorialmente se o contágio aconteceu pela nova cepa que começou a circular recentemente em todo o país, mas que é muito provável que sim, tendo em consideração a quantidade de pacientes jovens infectados recentemente.
Antônia pede ainda que, quem começar a sentir os sintomas atribuídos ao coronavírus – como dificuldade para respirar e perda de olfato e/ou paladar – que procure imediatamente a UPA para que o atendimento seja feito o mais rápido possível. Muitas complicações se dão ao fato das pessoas ficarem muito tempo doentes em casa, só procurando ajuda médica quando o caso se agrava consideravelmente, explica a diretora.